Por ArchDaily . 21 Junho 2022
Por ArchDaily . 21 Junho 2022
As ruas de Milão transbordaram no início desde mês com milhares de arquitetos, designers, fabricantes, artistas e artesãos nacionais e internacionais para a tradicional Semana de Design, explorando inovações e trocando ideias sobre design de interiores, móveis e iluminação. Como todos os anos, o Salone del Mobile, que acontece na Fiera Milano, serve como “um laboratório de experimentação e um lugar para novas oportunidades de reflexão sobre o mundo da arquitetura e do design”. Com a presença de mais de 262.000 visitantes em seis dias, e mais de 3.500 jornalistas credenciados de todo o mundo, o evento deste ano superou todas as expectativas em termos de participação, confirmando que a exposição ainda é uma influência proeminente na indústria da arquitetura e do design.
Para sua 60ª edição, o Salone del Mobile foi organizado em torno do design inclusivo, promovendo “autonomia, conforto, movimento, usabilidade, interação e segurança para todos”, e destacando as oportunidades e diretrizes fundamentais da responsabilidade ambiental. O comitê do Salone deu um passo decisivo rumo a estas missões ao aderir ao Pacto Global das Nações Unidas, uma iniciativa que apelava às empresas para adotar e defender os valores da sustentabilidade a longo prazo, apoiar a proteção dos direitos humanos, promover uma maior responsabilidade ambiental, e trabalhar contra a corrupção em todas as suas formas.
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Em sintonia com a missão da exposição de “demonstrar ser possível e crucial começar a incorporar a sustentabilidade e consciência ambiental na produção de móveis”, as marcas exploraram fortemente a relação entre a natureza e a maneira como vivemos. Assim, voltaram-se para as técnicas e desenhos tradicionais, seja através dos materiais utilizados, das cores selecionadas ou da maneira como os produtos foram fabricados e montados. Reforçando este conceito, Design with Nature, uma grande instalação de 1.400 metros quadrados projetada pelo arquiteto Mario Cucinella, exibe nosso ecossistema virtuoso e reflete sobre o futuro da vida doméstica. A instalação destaca tópicos como economia circular e reutilização, explorando o potencial das cidades como “reservas” do futuro, onde as matérias-primas podem ser obtidas.
Continue lendo para descobrir os principais temas e tendências exibidos no Salone del Mobile 2022.
Uma das tendências mais evidentes no Salone deste ano foi o uso de tons ricos e profundos em cores terrosas. Os projetistas optaram por paletas de cores harmoniosas, porém diversificadas, emprestando tonalidades encontradas na natureza e experimentando com seu espectro. Preto, branco e tons de cinza foram substituídos por marrom queimado, creme e vários tons de bege, complementados com tons suaves de verde, azul e terracota para criar uma paleta harmoniosa, porém sofisticada, que sutilmente ancora o espaço.
Demonstrando ainda mais a importância da responsabilidade ambiental, houve uma notável ausência de plásticos e compostos artificiais. Em vez disso, os designers “voltaram às raízes” e experimentaram materiais tradicionais como madeira, fibras naturais (bambu, rattan e sisal), tijolos, pedra, mármore e tecidos (linho e algodão). Latão, cobre e tonalidades metálicas também foram usados para destacar as peças, com o vidro colorido e canelado.
A rejeição da noção de “produtos e máquinas de engenharia” e o destaque dos processos naturais, artesanato e técnicas tradicionais de construção foram fortemente explorados no Salone deste ano. Seja através de áreas de estar, divisórias, mesas ou acessórios, as peças foram fabricadas de forma única com materiais locais e naturais, homenageando as técnicas clássicas e reforçando a individualidade e autenticidade
As peças de mobiliário e acessórios foram inspiradas nas formas e silhuetas botânicas. Ao invés de formas geométricas estruturadas, que foram relativamente populares na última década, a maioria das peças assumiu formas curvas e orgânicas, gerando uma sensação de conforto, acessibilidade e ludicidade.
Cactus e Aloe Vera estavam peculiarmente na frente e no centro da maioria das exibições de interiores. Estas plantas espessas e inchadas, são consideradas de baixa manutenção, pois crescem em ambientes fechados por anos, retêm água em climas áridos e são frequentemente encontradas em vários tipos e formatos. A flora nativa, como as oliveiras e os bambus, também estava presente em toda a exposição, evidenciando o aceno vernacular, também visto ao longo dos projetos da mostra.
Fonte: ArchDaily – Publicado originalmente em 21 de junho de 2022.